Pela primeira vez em Itabira, terreno de Carlos Drummond de Andrade, o repórter e artista plástico português Valter Hugo Mãe diz que estar na cidade mineira onde nasceu o poeta não lhe é “indiferente”. Ele diz que sempre leu os versos de Drummond, do qual promanação completa 122 anos nesta quinta-feira (31). Desde 2015, em virtude do natalício do poeta, a data é considerada o Dia Vernáculo da Verso.
“Drummond é incontornável, é inevitável. Embora eu o veja uma vez que um poeta de perspicuidade, porque a maior secção das vezes as expressões de Drummond a gente usa para explicar a nossa vida, ele é também uma figura que vegetal muito mistério. Seus textos poemas são construídos com um imaginário que, sobretudo para um português, levanta muitos desafios. Sua linguagem já é bastante mestiçada e fala muita coisa que é típica do Brasil. Logo, ao ler Drummond, é uma oportunidade de sentir essa veras distinta, essa identidade que é própria do Brasil”.
O repórter português participa da 4.ª edição do Festival Literário Internacional de Itabira (Flitabira) que começou nesta quarta-feira (30) e prossegue até domingo (3), na cidade mineira. Hugo Mãe afirma que sente uma “certa responsabilidade” em estar na cidade.
“Eu sinto que tenho que permanecer muito decente, que tenho que praticar cá uma cidadania com muito primor, porque a gente não pode vir de qualquer maneira para junto de Drummond. É um responsável muito grande, muito querido.”
O Flitabira reúne neste ano mais de 50 autores nacionais e internacionais. O evento sempre acontece em datas próximas ao natalício de promanação de Drummond, que é “o patrono eterno do festival”, uma vez que explica Afonso Borges, idealizador e curador do Flitabira.
“Tem festival que fica variando os patronos. Em uma terreno que tem uma vez que seu rebento principal Carlos Drummond de Andrade, acho que não precisa variar não, né? Drummond tem uma infinidade de facetas, de crônicas, contos e poemas, com abordagens da natureza, abordagens humanas, de cidade, campo. E a gente pode passar uma evo criando variedades do que a sua literatura permite.”
Paixão fraterno
Deus na Negrume é o último livro de Valter Hugo Mãe. Lançado em abril, fecha a tetralogia que o responsável chamou de Ilhas, irmãos e ausências. Os outros livros que compõem a série são A desumanização, de 2013, Homens imprudentemente poéticos, de 2015, e As doenças do Brasil, lançado em 2021. Nos livros, as relações fraternais e a irmandade que a irmandade permite.
Em Deus na Negrume, o responsável faz um estudo sobre o que é o paixão materno, usando a figura dos irmãos Pouquinho e Felicíssimo, que assume um compromisso de ajudar o irmão e amá-lo ao tamanho de uma mãe. A tese de Valter Hugo é que o paixão de mãe é o único “verdadeiramente comparável ao que seria o paixão de Deus e qualquer um de nós deveria cobiçar amar uma vez que as mães”.
“Há uma certa tendência, nos meus livros, de propor uma visão da pessoa no mundo e na família que é um pouco mutante. Eu diria que existe uma certa liquidez nos papéis que ocupamos. Sendo filhos, por exemplo, vamos desempenhar papéis distintos ao longo da vida. Chega um momento em que, eventualmente, ocupamos o espaço de pais dos nossos pais. A gente ir precavendo situações ou deitar a mão em obrigações que seriam típicas dos pais e já não dos filhos. E essa circulação, digamos assim, sempre me interessou. A maneira uma vez que eu falo da família é uma maneira muito fluida, porque, de trajo, a família acontece segundo a urgência, segundo o afeto que assumimos sem prever. Não há previsão.”
Encontros com o Brasil
Valter Hugo Mãe conta ter lido mais trova do que prosa, ao longo da sua vida. Segundo ele, uma vez que consequência, seus romances são tão marcados por uma poética e por um pensamento “muito fixado na venustidade e na grandeza da própria sentença”.
No Brasil, o poeta tem aproveitado para ler algumas edições brasileiras, uma vez que Teresa Cárdenas, autora cubana que também estará na Flitabira. E leu Nêgo Sacerdote, A terreno dá, a terreno quer.
“Estou absolutamente maravilhado com levante livro. É um pequeno livro, de um responsável quilombola. Fico muito triste em saber que Antônio Sacerdote dos Santos faleceu recentemente, porque eu ia querer muito conhecê-lo, encontrá-lo. Fiquei absolutamente fascinado com a leitura do seu livro”.
Valter Hugo Mãe cita ainda Veronica Stigger e Eliane Brum, que teve o livro Meus desacontecimentos publicado recentemente em Portugal. Ele celebra estar no festival, porque vai encontrar “um montão de gente” que admira.
“Tem tanta gente que eu admiro que eu vou estar uma vez que qualquer leitor estaria. Qualquer leitor que gosta dessa gente, porque eu vou ter a oportunidade de permanecer almoçando, jantando, vou pedir autógrafos. Para mim, vai ser um parque de diversões, e vou estar no meio dessa gente tentando ser companheiro, tentando que eles gostem de mim também, porque quero muito ser companheiro dos autores de quem eu palato muito”.
Festival Literário Internacional de Itabira
O Flitabira prossegue até domingo na cidade mineira que fica há 100 quilômetros de Belo Horizonte. Na programação, oficinas, exposições, mesas com escritores locais, atividades infantojuvenis, lançamentos de livros com autores independentes, prêmio de redação e espaço de economia criativa com produtos de artistas e empreendedores da cidade.
Os autores homenageados deste ano são Jeferson Tenório e Miriam Leitão. Dona Tita, centenária matriarca do Quilombo Santo Antônio, é a personalidade homenageada. Entre os escritores, Conceição Evaristo, Eliana Alves Cruz, Trudruá Dorrico, Itamar Vieira Junior, Socorro Acioli, Tamara Klink, Carlos Starling, Pierre Ruprecht.
Na curadoria, Bianca Santana, Sérgio Abranches, Tom Farias, Leo Cunha e Afonso Borges, presidente do Flitabira. “É uma curadoria toda focada na variação. Você pode passar os olhos na programação em no nosso site, e você não vai encontrar nunca três brancos, três negros, três mulheres ou três homens. É sempre variado. Essa é a nossa proposta: fazer com que essa variação, que a cultura brasileira oferece, se realize na programação”, ressalta o presidente do evento.