O Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) manteve a suspensão de benefícios concedidos judicialmente a pessoas que alegaram ter sido contaminadas no acidente com o césio-137, ocorrido em Goiânia em 1987. A decisão do tribunal abrange especificamente os processos em que os autores são representados pelos advogados investigados no caso.
Os benefícios suspensos referem-se à isenção do Imposto de Renda de servidores que afirmaram ter desenvolvido doenças relacionadas ao acidente com o césio-137. As investigações indicam que o esquema envolvia ex-policiais militares, bombeiros e até um promotor de justiça aposentado, que alegavam ter atuado na tragédia para obter isenções tributárias.
Conforme o Tribunal de Justiça, mais de 567 ações judiciais podem ter sido efetuadas pelo grupo, sendo cerca de 400 com indícios de laudos médicos fraudulentos. O prejuízo aos cofres públicos ultrapassa R$ 20 milhões. Segundo a investigação, os advogados teriam falsificado documentos utilizados nos processos judiciais. No ano passado, uma operação policial resultou na prisão de alguns desses envolvidos.
A operação Fraude Radioativa, da Polícia Civil, foi deflagrada dia 30 de setembro de 2024. A operação buscou combater fraudes de R$ 20 milhões em benefícios pagos pelo acidente com o césio-137, considerado o maior acidente radiológico da história. Três mandados de prisão e 11 de busca e apreensão foram cumpridos na capital. Um procurador e dois militares aposentados estão entre os investigados.
O maior acidente radiológico do mundo começou quando, no dia 13 de setembro de 1987, dois catadores de recicláveis acharam um aparelho de radioterapia abandonado, desmontaram e o venderam a um ferro-velho de Goiânia. Eles não tinham noção de que se tratava do césio-137. Altamente radioativo, o pó de coloração azul, que ficava no equipamento, causou quatro mortes e contaminou, pelo menos, 249 pessoas.
Sete pontos de Goiânia foram os mais atingidos pela contaminação. Evacuados na época, a maioria desses locais está ocupada atualmente. Grande parte dos moradores ainda vive na vizinhança, e se recorda da tragédia quase que diariamente. Alguns ainda temem ser contaminados. No entanto, especialistas garantem que não há risco. O césio-137 é um material radioativo muito perigoso, emitindo raios gama que podem danificar células e DNA.