Pesquisa do Sindicato dos Especialistas de Instrução do Ensino Público Municipal de São Paulo (Sinesp) em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) indicou que o bem-estar dos profissionais da instrução está no meio das preocupações do setor. Segundo o Sinesp, leste ano, a média do índice de insatisfação dos profissionais da instrução da capital paulista foi 0,42, em uma graduação que varia de 0 a 1, sendo 0 a pior nota e 1 a melhor.
Segundo o levantamento, o indicador saúde foi o pior medido, com índice 0,20, quando comparado aos outros indicadores. “Devido à precarização do trabalho nas escolas, à falta de profissionais na rede municipal de instrução e ao excesso de trabalho que isso provoca, ao excesso de burocratização, que gera tarefas desnecessárias, e à falta de suporte para o trabalho pedagógico e ao atendimento à comunidade educacional, muitos profissionais relataram um agravamento de suas condições de saúde”, avalia o sindicato.
Os dados mostram que somente 15% dos entrevistados relataram que não precisaram trabalhar doentes leste ano. Quando questionados sobre sentirem sentimentos negativos relacionados ao trabalho, porquê desespero, sofreguidão, depressão e angústia, somente 6,6% disseram que nunca sentiram, perante 83,9% que declararam que tais sentimentos são motivados pelo trabalho.
Entre os diagnósticos mais comuns estão estresse/tensão (43%), sofreguidão/pânico (34%) e distúrbios do sono/insônia (25%). Aliás, 93% disseram que adquiriram fadiga e cansaço extremo devido ao trabalho. Unicamente 8,7% dos profissionais não tiveram alguma doença ou problema de saúde.
“A saúde dos profissionais da instrução continua sendo a preocupação médio, principalmente diante da fardo excessiva de trabalho e da falta de base adequado da Secretaria Municipal de Instrução. Aliás, a gestão de pessoas também se mostra deficiente, com insuficiência de capacitação e políticas de suporte, o que reflete diretamente na qualidade do ensino e no bem-estar dos gestores e educadores”, explica a presidente do Sinesp, Norma Lúcia Andrade.
A 14º edição do Índice Sinesp da Instrução Municipal (Isem) avalia a gestão de pessoas, o base técnico da Secretaria Municipal de Instrução, a capacitação, o envolvente físico, a saúde e a violência. O objetivo é identificar dificuldades deixadas pelo poder público na instrução municipal.
Todas as edições da pesquisa são entregues à Secretaria Municipal de Instrução, às diretorias regionais de Instrução e também aos vereadores para consistir diálogos, leituras amplas da veras da instrução municipal, negociações, propostas de ações e futuras políticas educacionais na cidade.
Das 13 diretorias regionais de Ensino (DRE) que participaram da pesquisa, Pirituba teve o pior índice (0,38), seguido por Itaquera (0,39), Jaçanã/Tremembé, Ipiranga e São Mateus (0,40). As diretorias de São Miguel, Freguesia/Brasilândia e Penha obtiveram as melhores avaliações, com um Isem 0,45.
A pesquisa contou com 1.535 respondentes dos cargos de coordenador pedagógico (484), assistente de diretor de escola (360) e diretor de escola (347).
O Isem mostrou que o indicador Gestão de Pessoas, com índice 0,34, está aquém do esperado para a gestão da instrução pública em uma cidade do porte de São Paulo. Entre os principais desafios apontados pelos gestores, que impactam diretamente o trabalho e a aprendizagem, está a falta de professores para conduzir determinadas disciplinas, além da carência de base administrativo e pedagógico e de professores orientadores de superfície.
Segundo o levantamento, 80% dos profissionais da superfície afirmam que os módulos de pessoas são insuficientes para atender às necessidades das unidades. E 72% dizem que os módulos estão incompletos.
A pesquisa mostra que o índice Segurança foi o mais muito medido, com 0,62, mesmo com 48% das pessoas afirmando que o entorno do lugar de trabalho ainda enfrenta problemas. A falta de segurança, caracterizada por violência, assaltos e drogas, é o principal duelo evidenciado por 73% dos pesquisados.
Quanto ao envolvente de trabalho, 50% consideram o espaço inseguro, sendo o entorno o maior fator de preocupação (71%) e a falta de vigilância e policiamento mencionada por 60% dos participantes.