Policiais presos durante operação em RO agiam como agiotas; vítimas foram ameaçadas de morte e agredidas
Pelo menos 100 pessoas foram vítimas do grupo criminoso em cerca de quatro anos. Empréstimos eram concedidos com juros exorbitantes e caso as vítimas não pagassem os valores eram ameaçadas de morte. Os policiais presos nesta sexta-feira (7) durante a Operação Soldados da Usura em RO agiam como agiotas, segundo o comando da Polícia Militar (PM). Segundo o Ministério Público de Rondônia (MP-RO), os policiais são “parte do braço mais violento” do grupo criminoso.
Dezessete pessoas são investigadas pelo crime, sendo que seis delas são policiais militares; três foram presos e os outros são alvos de busca e apreensão. Um dos envolvidos chegou a movimentar na própria conta mais de R$ 12 milhões. Diversas armas e munições foram apreendidas em posse dos investigados. Em um dos casos, segundo o MP-RO, tiros foram disparados na frente da residência de uma das vítimas como forma de intimidação; outras pessoas foram ameaçadas de morte e agredidas durante cobranças.
De acordo com o promotor Anderson Batista, pelo menos 100 pessoas foram vítimas dos suspeitos em cerca de quatro anos. Porém, documentos obtidos através da quebra do sigilos de dados telefônicos e fiscais apontam que esse número pode ser até seis vezes maior. Muitas vítimas vivem em situação de vulnerabilidade socioeconômica e apelavam pelo empréstimo irregular, com juros de até 20% ao mês. Os valores movimentados pelo grupo criminoso superam R$ 70 milhões, que foi o valor bloqueado pela Justiça de Rondônia nesta sexta-feira.
As investigações tiveram início após denúncia à Corregedoria-Geral da Polícia Militar de Rondônia contra policiais militares, apontando indícios de crimes de usura (cobrança de juros excessivos) e extorsão. Conforme o MP-RO, os suspeitos faziam os empréstimos com juros ilegais e agiam com violência, inclusive com uso de arma de fogo. O grupo é suspeito de cometer crimes como lavagem de dinheiro, estelionato e falsidade ideológica. Um formulário para identificação e colheita de reclamações foi divulgado pelo Ministério Público de Rondônia para identificar outras possíveis vítimas do grupo criminoso.
A Polícia Militar se posicionou sobre o caso ressaltando que agiu em colaboração com o Ministério Público de Rondônia e não tolera irregularidades e desvios de condutas de seus agentes. “A atuação da Corregedoria reflete um dos eixos prioritários da instituição, que é a intolerância ao crime violento e ao desvio de conduta, bem como o compromisso de proteger o cidadão e garantir que a atuação dos policiais militares esteja alinhada com os princípios de legalidade e moralidade”, declarou a corporação.