Mulher de corretor de grãos investigada por golpe milionário está em prisão domiciliar
Casal foi denunciado por organização criminosa, estelionato e lavagem de dinheiro, entre outros crimes. Medida foi concedida a Camila por ser mãe de duas crianças.
Camila Rosa Melo e Vinicius Martini de Mello investigados por golpes a agropecuaristas em Rio Verde, Goiás — Foto: Reprodução/Redes Sociais
A mulher do corretor de grãos Vinícius Maritini de Mello investigada por dar um golpe milionário em produtores rurais de Rio Verde está em prisão domiciliar, de acordo com a defesa. Camila Rosa Melo, o marido e outras 14 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) por organização criminosa, estelionato, lavagem de dinheiro e outros crimes.
A investigação apura a aplicação de golpes milionários contra produtores rurais de Rio Verde, no sudoeste goiano. O pai, três irmãos e uma cunhada de Vinícius também são investigados no caso.
De acordo com o advogado Gilles Gomes, Camila teve a prisão preventiva convertida em prisão domiciliar por ser mãe de duas crianças, conforme prevê o artigo 319 do Código de Processo Penal (CPP). A defesa informou que uma das condições da prisão domiciliar é de que a mulher compareça a todos os atos do processo, assim como o uso da tornozeleira eletrônica.
A defesa afirmou ainda que os fatos cometidos por Camila e Vinícius não constituem crime. “São uma forma inadequada, indevida, de utilizar um inquérito policial para cobrar contratos não vencidos e que vinham sendo pagos por Vinícius”, afirmou Gilles.
A defesa de quatro familiares do corretor disse em nota que a inocência deles será comprovada ao decorrer do processo e que a denúncia representa apenas a versão inicial da acusação. A reportagem não localizou a defesa dos outros 10 denunciados para solicitação de um posicionamento.
Vinícius Mello ainda não se apresentou, afirmou a defesa. No início de dezembro, o nome dele e de Camila foram incluídos na lista de procurados da Interpol.
SOBRE O ESQUEMA
Segundo a Polícia Civil, Vinícius de Mello comprava soja, milho e algodão dos produtores rurais para revender no mercado. A denúncia feita pelo Ministério Público aponta que o crime de estelionato foi praticado pelo grupo por pelo menos dez vezes. O MP apontou Vinícius como o líder da organização criminosa, responsável por conduzir as negociações.
Conforme a polícia, após receber as produções, ele não pagava ou pagava menos que o valor negociado com os produtores e também não entregavam toda a carga para os clientes. Em seguida, vendiam os produtos e transferiam os valores para empresas-fantasmas, em nomes de laranjas, para ocultar e lavar o dinheiro.
Segundo a denúncia do MP, nessas negociações, Vinícius não emitia as notas fiscais em nome da empresa em que era sócio, utilizando empresas “noteiras” (que eram empresas de fachada) para fazer a emissão sem o recolhimento tributário. Assim, ele podia fazer transações sem gerar vínculos fiscais e contábeis evidentes em relação à própria empresa.
A Polícia Civil considera que esse é o maior golpe já aplicado contra o agronegócio no Brasil.
Nota da defesa de Camila e Vinícius
Camila já se encontra no Brasil, está submetida à prisão domiciliar e à monitoração eletrônica, e cumpre todas as cautelares fixadas na decisão do TJGO. Ainda, sobre o processo, informo que a Justiça negou pedido do MPGO para que o passaporte de Camila fosse recolhido, que novo pedido de prisão de Camila não foi atendido e que a denúncia não foi recebida.
Gilles Gomes, advogado de Vinícius, Camila e Matheus
Nota da defesa dos familiares de Vinícius na íntegra
Os advogados Alessandro Gil Moraes Ribeiro (OAB/GO 16.797) e Danilo Marques Borges (OAB/GO 27.755), no exercício da defesa técnica de S.P.M., P.M.M.M., F.M.M. e M.B.S.M. vêm a público esclarecer que tiveram ciência da denúncia formalizada pelo Ministério Público, que aguarda decisão do juízo competente quanto ao seu recebimento.
Ressaltamos que a denúncia representa exclusivamente a versão inicial da acusação, retratando apenas a perspectiva apresentada pela parte acusatória, sem qualquer juízo de culpabilidade. Durante o processo, assegurados os direitos constitucionais do contraditório e da ampla defesa, a inocência dos acusados será plenamente demonstrada por meio de provas técnicas e robustas.
Especificamente em relação à cliente M.B.S.M., destacamos que ela se encontra em prisão domiciliar, benefício concedido no mês de dezembro de 2024 pelo Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, mediante habeas corpus impetrado pela defesa, em razão de ser mãe de uma criança menor de 12 anos, conforme previsto na legislação brasileira.
A defesa reafirma seu compromisso com a justiça, com o devido processo legal e com a proteção dos direitos fundamentais, confiando na imparcialidade do Poder Judiciário para uma análise justa e criteriosa dos fatos, a fim de que a verdade prevaleça.
Por fim, solicitamos à imprensa e à sociedade que aguardem o desfecho do trâmite judicial, evitando pré-julgamentos que possam comprometer os direitos e a dignidade das partes envolvidas.