O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) está investigando o pagamento de supersalários e gratificações indevidas a servidores da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg). A polêmica surgiu quando o prefeito da capital, Sandro Mabel (União), revelou que uma auxiliar de serviços gerais do órgão recebe mensalmente a quantia absurda de R$ 44 mil. Esse caso expôs uma situação preocupante que está sob escrutínio das autoridades.
Embora a declaração do prefeito seja de 2025, o processo que apura as irregularidades na folha de pagamento e contratações da Comurg foi iniciado em junho de 2023. De acordo com uma portaria emitida pelo MP-GO ao órgão de notícias DE, o inquérito foi instaurado após o Tribunal de Contas dos Municípios do Estado de Goiás (TCM) identificar práticas indevidas relacionadas aos servidores comissionados da companhia.
As investigações conduzidas pelo MP-GO visam a apurar diversos aspectos, tais como a criação de cargos comissionados de forma oficial, a natureza das atividades desempenhadas pelos comissionados da Comurg para evitar desvios de função, a falta de controle adequado da folha de pagamento, a possível priorização de contratações sem concurso público, e a análise minuciosa dos salários recebidos pelos comissionados, incluindo remuneração, gratificações e acréscimos.
O Tribunal de Contas dos Municípios informou ao DE que, desde 2019, a Comurg deixou de fornecer os dados referentes à folha de pagamento do órgão. Além disso, o tribunal destacou que não recebe os editais de seleção pública para análise desde 2008. Essa falta de transparência dificulta o acompanhamento e a fiscalização dos recursos públicos envolvidos nas atividades da Comurg.
Uma decisão de 2024 determinou a realização de uma tomada de contas especial da Comurg para apurar e ressarcir eventuais danos ao erário, devido à não apresentação dos dados da folha de pagamento. O processo está em fase de vistas, na qual os responsáveis terão a oportunidade de se defender das acusações. A situação se agrava com a constatação de outras irregularidades, como a nomeação indevida de uma servidora para um cargo não compatível com sua função, uma dívida trabalhista de R$ 40 milhões, e um contrato suspeito entre a companhia e a Prefeitura de Goiânia.
Todo esse contexto tem gerado repercussão na região e despertado a atenção da população para as questões relacionadas à gestão pública e à fiscalização dos recursos destinados aos serviços essenciais. O MP-GO segue empenhado em esclarecer os fatos, responsabilizar os envolvidos e garantir a transparência e a legalidade nas ações da Comurg. A sociedade aguarda por respostas concretas e medidas efetivas para corrigir as irregularidades identificadas.