Desnutrida e com lesões, mãe abandonada por advogado em unidade de saúde está internada em UTI, diz hospital
Idosa estão sendo assistida por equipe multidisciplinar da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia. Advogado foi solto após audiência de custódia e não pode se aproximar da mãe.
1 de 1 Idosa é abandonada por filho advogado em unidade de saúde, em Goiânia – Foto: Divulgação/PC-GO
Mãe de 85 anos abandonada por filho advogado está em unidade de terapia intensiva (UTI) da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia, informou o hospital. A idosa foi abandonada pelo filho em estado grave, desnutrida, com lesões pelo corpo no Centro de Atenção Integral à Saúde (Cais) Jardim América, em Goiânia.
O nome do advogado não foi divulgado pela polícia e, por isso, DE não obteve o contato da defesa para um posicionamento. No dia da prisão do advogado, a OAB-GO afirmou que, apesar de a prisão não ter relação com o exercício da advocacia, apura todas as infrações que chegam ao seu conhecimento, visando garantir o amplo direito de defesa e o contraditório (veja a nota completa ao final da matéria).
Em nota, a Santa Casa informou que ela está internada na unidade há quatro dias e está sob assistência de equipe multidisciplinar. Além das lesões, a Polícia Civil informou que a mãe estava suja de fezes e urina e com dificuldades para respirar e se comunicar quando o filho a abandonou.
ABANDONO
Uma assistente social do Cais onde a idosa foi abandonada fez uma denúncia e relatou que a mulher havia sido deixada na unidade de saúde por uma pessoa não identificada já em estado bastante debilitado. A idosa foi identificada pela polícia, que descobriu dois possíveis filhos, o que permitiu a localização do advogado.
“Tivemos o empenho da equipe em chegar ao Cais do Jardim América, visualizar a situação da idosa, e com a Superintendência de Identificação Humana, nós conseguimos qualificá-la e descobrir quem eram os filhos dela. Nesse sentido, descobrimos qual era o endereço”, explica o delegado Alexandre Bruno de Barros, responsável pelo caso.
Segundo a Polícia Civil, durante a abordagem em seu apartamento no Setor Oeste, em Goiânia, o advogado alegou aos policiais que cuidava da mãe da melhor forma possível. Ele disse ainda que, devido à piora do seu estado de saúde, a havia deixado no Cais do Jardim América dois dias antes, e que iria visitá-la depois.
PRISÃO
Advogado é preso suspeito de abandonar mãe em Cais em estado gravíssimo e ferida
O advogado foi preso em flagrante suspeito de abandonar a mãe e conduzido à Delegacia Especializada em Apoio ao Idoso (DEAI), acompanhado por dois advogados do Conselho de Ética e Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional de Goiás (OAB-GO).
Além do abandono, a polícia identificou que a idosa teve grande parte de sua pensão comprometida com empréstimos feitos pelo advogado. “Mais de 60% dos proventos dela estão comprometidos com empréstimos que beneficiam ele e não a idosa”, disse o delegado.
O investigador informou que o advogado foi solto após audiência de custódia realizada na sexta-feira (4). “Só que com a proibição de se aproximar da mãe, de se aproximar do apartamento”, esclareceu.
PELA SEGUNDA VEZ
Delegado Alexandre Bruno de Barros fala sobre caso do advogado que abandonou a mãe idosa
Esta foi a segunda vez que o advogado foi preso por maus-tratos contra idosa, disse o delegado. O suspeito foi preso a primeira vez em junho do ano passado, quando foi liberado sem pagamento de fiança, mas com medidas restritivas para não chegar próximo à mãe.
Ainda segundo a Polícia Civil, o outro filho da idosa mora em São Paulo. Ao ser noticiado do incidente, comprometeu-se a viajar para Goiânia, arcar com os custos do tratamento da mãe e solicita a curatela da mãe.
Curatela é a responsabilidade jurídica de cuidar dos interesses de uma pessoa que esteja incapacitada.
NOTA DA OAB
A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO), por meio do Sistema de Defesa das Prerrogativas (SDP), acompanhou nesta terça-feira (1º de abril) a Operação Indignus, que supostamente envolve um advogado. A Seccional esclarece que, apesar de a prisão não ter relação com o exercício da advocacia, apura todas as infrações que chegam ao seu conhecimento, visando garantir o amplo direito de defesa e o contraditório.
A OAB-GO reforça que esse acompanhamento visa resguardar as prerrogativas profissionais e fiscalizar o cumprimento dos preceitos éticos da advocacia. Por fim, informa que não comenta eventuais prisões ou condenações de seus inscritos.