A ensino midiática é uma utensílio com grande potencial para ajudar na formação da cidadania, em privativo de jovens e adolescentes. Partindo dessa premissa, a Secretaria de Notícia Social (Secom) da Presidência da República promoveu a 2ª Semana Brasileira de Instrução Midiática, fórum de discussões e troca de experiências entre diversas iniciativas desenvolvidas em todo o território pátrio.
Iniciados na terça-feira (29), os webinários seguem até o dia 1º de novembro, com palestras de incentivo ao “uso das mídias de forma sátira, propiciando a estudantes e educadores ferramentas para atuar em sala de lição no cenário das novas tecnologias”. A iniciativa faz segmento da Estratégia Vernáculo das Escolas Conectadas (Enec), lançada pelo governo federalista em 2023. Entre as entidades parceiras, está a Empresa Brasil de Notícia (EBC).
Durante a cerimônia de introdução, o coordenador do setor de informação e informação da Organização das Nações Unidas para a Instrução, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil, Adauto Soares, destacou que, cônscio da prestígio do jornalismo para o bom funcionamento da democracia, a Unesco tem desenvolvido trabalhos de estruturação de currículo para a prática jornalística.
“Percebemos que, nos países que perdem a democracia, os cursos de jornalismo tendem a permanecer mais infantilizados. Por isso a Unesco criou um padrão do curso de jornalismo, com o objetivo de nivelar o conhecimento no mundo”, disse.
Instrução e informação
Assessora de políticas educacionais da União Vernáculo dos Dirigentes Municipais de Instrução (Undime), Vivian Melcop citou, porquê duelo a ser encarado pelas secretarias de Instrução o de ajudar os estudantes a aprenderem a interpretar textos.
Segundo ela, a eficiência desse processo passa pela “horizontalidade entre ensino e informação”, levando em consideração o bom uso dos aparatos tecnológicos, em privativo os midiáticos. “A Lucidez Sintético [IA] veio para permanecer. Temos de ensinar porquê utilizá-la para seu mercê, e não para coisas ilícitas.”
Estender essa preocupação a outros públicos, porquê os idosos, foi uma questão defendida pela conselheira Pilar Lacerda, do Recomendação Vernáculo da Instrução. “Não só as crianças. Todos somos dependentes do celular nos dias de hoje. Precisamos promover [de forma ampla] a compreensão de que a escola é o espaço da formação”, disse ela, ao criticar posicionamentos apresentados com o intuito de diminuir esse papel fundamental da escola.
“Não à toa, quem mais propaga notícias falsas defende a escola militarizada; essa escola da instrução, onde crianças e jovens não vão refletir sobre as coisas”, acrescentou Vivian, ao enfatizar que, nos dias atuais, “com tudo acontecendo ao mesmo tempo, temos dificuldade em diferenciar o que é e o que não é verdade”.
Fechando a mesa de introdução, o secretário de Políticas Digitais da Secom, João Brant, disse que o ministro Paulo Pimenta sempre defendeu o uso da ensino midiática porquê uma relevante utensílio para mobilizar “questões mais profundas, de forma a modificar a desorganização que nosso tecido social enfrenta, e que marca a formação de nossa sociedade”.
“Uma sociedade que tem diálogo e capacidade de entender as diferenças, na procura de acordos, é uma sociedade viva”, disse o secretário.
Práticas de jornalismo na escola
O uso do jornalismo em processos educativos foi um dos temas debatidos durante o webinário, que apresentou experiências bem-sucedidas porquê a do Projeto Luz Negra, que desenvolve trabalhos de jornalismo e de ensino antirracista em escolas municipais da Paraíba.
Segundo a integrante do projeto Gabryele Martins, um dos carros-chefe da iniciativa é a promoção de debates sobre a cultura afro. “Usamos, por exemplo, a linguagem fotográfica para esses fins”, disse ela, ao sobresair o alcance da informação visual para repassar tais conteúdos.
Representante da iniciativa Afonte, Jornalismo de Dados, no Rio Grande do Sul, Taís Seibt explicou que seu grupo promove conhecimento sobre dados em informação do dedo, verificação de conteúdos e letramento midiático, inclusive oferecendo cursos online sobre fact-checking (verificação ou checagem de fatos), jornalismo de dados e marketing político nas redes sociais. “Promovemos treinamentos para leitura sátira da mídia e de combate à desinformação”, explicou.
Outra iniciativa apresentada durante o webinário é a do curso online Vaza, Falsiane. “Trata-se de uma estratégia de combate a notícias falsas e desinformação. Nosso duelo é o de ajudar as pessoas a, melhor conhecendo as redes sociais, diminuírem os riscos de serem enganadas e, consequentemente, acabarem enganando outras pessoas, ao compartilhar tais informações”, disse Ivan Paganotti, um dos desenvolvedores do curso.
“A ensino midiática procura desenvolver tanto a compreensão sátira quanto a participação ativa, possibilitando aos jovens interpretar e determinar criteriosamente seu consumo da mídia. Aliás, permite que eles se tornem produtores de mídia com autonomia”, acrescentou Ivan Paganotti.
Entre os produtos disponibilizados pelo curso Vaza, Falsiane estão vídeos, memes, textos, imagens e testes interativos que, fazendo uso da linguagem com a qual os jovens estão habituados, podem ser utilizados em salas de lição.
Instrução midiática, meio envolvente e mudanças do clima
A questão ambiental foi também largamente abordada durante o webinário. Coordenadora do programa de extensão Educomunicação de Rondônia (Peducom), a professora de jornalismo da Universidade Federalista de Rondônia Evelin Morales defendeu que a cidadania precisa vir acompanhada de ações que a coloquem em prática.
Dirigindo-se aos professores que enxergam na ensino midiática uma possibilidade de “facilitar processos de relações e expressões com os estudantes”, ela sugere que os docentes estimulem produções do processo criativo dos jovens, para que, assim, esses produtos façam sentido para toda a comunidade.
“Estimular e engajar a juventude para essa sátira e para o uso de mídia com responsabilidade é também segmento do processo de ensino de mão dupla, beneficiando educadores e professores”, justificou a professora.
Uma experiência desenvolvida na Universidade Federalista de Jataí usa a ciência para, ao conscientizar jovens, evitar a propagação de desinformações que podem até mesmo colocar a vida das pessoas em risco. Essa é uma das preocupações do projeto Questões Contemporâneas do Ensino de Ciências e Biologia, disciplina que, segundo a professora Heloísa Assunção, nasceu em meio a um contexto negacionista da ciência “que distorce fatos e evidências”.
“Esse problema tem ganhado força com o propagação das tecnologias. Por isso discutimos também os efeitos negativos das redes sociais”, explicou a professora. “No contexto da biologia, por exemplo, para discutirmos fake news, elaboramos notícia falsa sobre vacina para problematizar o tema em debates com os estudantes. Esse é um tema relevante nesse contexto de movimentos antivacinas”, argumentou.
Representando o Observatório de Jornalismo Ambiental, desenvolvido na Universidade Federalista do Rio Grande do Sul (UFRS), a professora aposentada Ilza Girardi disse que a teoria surgiu em 2019, a partir da constatação de que havia, na instituição, uma grande quantidade de pesquisas e produções acadêmicas sobre o tema.
Fundamentado nessas produções, o grupo desenvolveu alguns “pressupostos de jornalismo ambiental” que podem ser usados porquê parâmetros a serem seguidos por profissionais que cobrem a dimensão. “Avaliamos reportagens publicadas sobre a questão ambiental na mídia pátrio, de forma a valorizar o saber científico, mas dando voz aos saberes tradicionais”, resumiu a professora.
Outra iniciativa apresentada nesta quarta-feira foi a Instrução para a Mídia em Comunidades Indígenas, desenvolvida pelo Instituto de Formação Interdisciplinar e Intercultural da Universidade Federalista do Oeste do Pará (Ufopa).
Segundo o coordenador da oficina de cibercultura do projeto, Doriedson Almeida, há trabalhos voltados a cinco ou seis etnias da região. Os trabalhos midiáticos são preparados na língua nativa dessas etnias e posteriormente são traduzidos. A teoria é fabricar canais de divulgação desses conteúdos, o que poderá abranger tanto podcasts porquê também rádios e canais de TV.
Direitos e cidadania do dedo
Representante do Núcleo Integrado de Instrução de Jovens e Adultos (Cieja) Perus, Rossini Castro apresentou alguns dos trabalhos de educomunicação desenvolvidos para surdos. “O aproximação a recursos audiovisuais é ainda restrito para esse público. Nesse sentido, a ensino midiática tem função de democratizar o recta humano de aproximação de todos à escola, com participação e isenção”, disse.
É verosímil promover também a saúde, a partir da informação comunitária e da ensino midiática. Esse é um dos desafios do Projeto Juventude e Promoção da Saúde, desenvolvido pelo Meio Saúde da Instauração Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Rio de Janeiro.
A representante do projeto no webinário, Nicole Leão, destacou que a iniciativa desenvolve diversas oficinas ligadas a temas de saúde, relacionados aos problemas percebidos pela comunidade sítio. “A gente amplifica vozes marginalizadas e narrativas locais, principalmente para o combate à desinformação e às fake news”, explicou ela, ao apresentar o site e o jornal Fala, Manguinhos, que disponibiliza à comunidade os conteúdos que são considerados mais relevantes.
A elaboração de peças publicitárias ajuda crianças e adolescentes a se conscientizarem, de forma a transformar o seu entorno social. Trata-se, portanto, de uma importante utensílio pedagógica, segundo Pâmela Craveiro, do Laboratório de Estudos e Reparo de Publicidade, Notícia e Sociedade – iniciativa desenvolvida na Universidade Federalista de Mato Grosso (UFMT).
“Usamos a publicidade para, em linguagem lúdica e simples, desenvolver habilidades culturais, criativas, críticas e cidadãs, de forma a estimular crianças e adolescentes a pensarem questões porquê consumo midiático e o seu entorno social”, explicou Pâmela.