Sob o impacto do resultado das eleições norte-americanas, o G20 Social pediu o reconhecimento da urgência para estugar a transição ecológica e enfrentar as mudanças climáticas. Em meio a catástrofes recentes, uma vez que as inundações em Valência, na Espanha, a seca na Amazônia, os incêndios florestais e as enchentes no Rio Grande do Sul, representantes da sociedade social e do governo ressaltaram a premência de reconstruir o protótipo de desenvolvimento econômico global o mais rápido verosímil.
Negociadora-chefe do Convenção de Paris, assinado em 2015, a economista, professora e diplomata francesa Laurence Tubiana ressaltou o repto de conscientizar a população mundial em seguida a eleição de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos. Na plenária que elaborará um documento final sobre sustentabilidade, mudanças climáticas e transição ecológica, Laurence advertiu para os riscos do negacionismo climatológico.
“Há alguns dias, as eleições americanas deram poder a Trump. E ele fez um caso para negar a crise climática e as transições para as políticas que estão prontas para suceder. Uma secção significativa dos Estados Unidos e do mundo nega a crise climática, apesar dos furacões recentes na Flórida e na Carolina do Setentrião. É um repto que temos diante da gente, com líderes globais dizendo que isso não existe”, afirmou Laurence Tubiana.
Para a economista, o Brasil terá um papel importante nos próximos anos para manter os compromissos acertados nas últimas Conferências das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP). “Neste momento, na COP, todos os países estão obrigados a apresentar sugestões sobre o clima de alguma maneira. O papel do Brasil é muito crucial no topo de tudo isso. É necessário solidariedade, não só de governos, mas das próprias pessoas e dos setores econômicos”, declarou.
Citando o exemplo das emissões de gases de efeito estufa dos voos aéreos, Laurence Tubiana disse que a solidariedade é forçoso para evitar que a maior secção dos custos da transição ecológica caia sobre a população mais pobre. “A gente precisa reduzir emissões em universal, mas isso não está sendo feito de forma justa. A gente precisa pensar quem consome mais e reduzir essas barreiras. As pessoas que voam [proporcionalmente] emitem gás carbônico, mas não contribuem uma vez que deveriam para reduzir esse problema”, ressaltou.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, também mencionou a eleição de Donald Trump. Segundo Teixeira, a sociedade precisará mostrar resistência para o futuro. Ele também criticou a retirada da Argentina da COP 29, no Azerbaijão.
“Nos últimos dias, a Argentina se retirou da Conferência do Clima, e tivemos a eleição de Trump. A mobilização social é fundamental neste momento e será ainda mais forçoso para o futuro. Daí, a influência do G20 Social ouvir as reivindicações da sociedade”, acrescentou.
Alerta
Representando a ministra do Meio Envolvente e Mudança do Clima, Marina Silva, que está no Azerbaijão, o secretário executivo da pasta, João Paulo Capobianco, fez um alerta. Sem mencionar diretamente a eleição de Trump, Capobianco disse que o planeta está em um momento crucial e precisa urgentemente de consenso em relação à transição ecológica porque o limite de 1,5°C de aquecimento foi estourado com seis anos de antecedência.
“Estamos indo no caminho correto, mas falta muito. Primeiro, é necessário prometer que o compromisso de redução de gases estufa seja conciliável com a verdade que vivemos. O limite de 1,5°C de aquecimento foi atingido em 2024, não em 2030. O compromisso de manter isso foi inviabilizado. A proteção das populações mais vulneráveis está relegada a 14º projecto. As ações hoje estão concentradas em mitigar os efeitos das catástrofes, não em investimentos para preveni-las”, advertiu.
Para Capobianco, o G20 Social, evento paralelo à Cúpula de Líderes do G20, é um fórum privilegiado para discutir um novo protótipo de desenvolvimento ouvindo a sociedade. “O G20 concentra 80% do PIB [Produto Interno Bruto] mundial e 80% das emissões de gás estufa no planeta. A pressão do G20 Social na procura de soluções representa um esforço fundamental para manter os compromissos dos países em satisfazer promessas, reduzir emissões de gás estufa na proporção necessária e proceder nos investimentos”, acrescentou.
O G20 é o grupo das 19 maiores economias do planeta, mais União Europeia e União Africana.