Começou nesta quinta-feira, dia 14, o G20 Social no Rio de Janeiro. Até sábado, os 13 grupos de engajamento discutirão grandes temas que afetam a população mundial, para entregar propostas e resultados dos debates aos líderes do planeta na cúpula do G20, que ocorre na próxima semana.
Os 13 grupos de engajamento incluem os setores da sociedade social, think tanks, juventude, mulheres, trabalho, cidades, negócios, ciências, startups, parlamentos, tribunais de contas, cortes supremas e oceanos.
Na sinceridade do evento, as autoridades destacaram que os políticos precisam estar atentos às demandas da sociedade na formulação de decisões com potencial de afetar todo o planeta, uma vez que as que sairão da reunião de cúpula do G20.
O secretário-geral da Presidência da República, ministro Márcio Macedo, disse que os governantes que integram o grupo precisam estar abertos às vozes das ruas, principalmente dos países menos desenvolvidos.
O ministro da Relações Exteriores, Mauro Vieira, destacou a influência do G20 Social na pronunciação com os três temas centrais da presidência do Brasil no grupo, que são a luta contra a lazeira e a pobreza e todo tipo de desigualdade, desenvolvimento sustentável e transição energética e a reforma da governança global.
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, afirmou que o G20 Social deixará um legado de transformação, esperança e valorização, com as lutas e bandeiras históricas dos movimentos populares.
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
Um dos temas debatidos foram os possíveis impactos da Lucidez Sintético nos direitos humanos. O secretário de Políticas Digitais da Secretaria de Informação da Presidência, João Brant, destacou a influência da aprovação do Projeto de lei 2.338, que prevê regras para o desenvolvimento da lucidez sintético no país. Mas destacou a urgência de que sejam preservadas as garantias de direitos e contemple setores de produção de teor jornalístico, artístico e científico, para que não tenham prejuízo na remuneração.
O coordenador do Fórum Vernáculo pela Democratização da Informação, Admirson Medeiros Junior, destacou a influência da regulação para proteger a sociedade diante dessas preocupações. Por outro lado, para ele a Lucidez Sintético traz elementos para facilitar a vida das pessoas.
A representante do Escritório do Cocuruto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Aisha Sayuri da Rocha, destacou que as tecnologias de lucidez sintético que não puderem ser operadas de tratado com os direitos humanos internacionais devem ser banidas ou suspensas, até que as salvaguardas adequadas existam.
Professora da Universidade Federalista do Ceará e integrante do Recta à Informação e Democracia, Helena Martins, destacou o temor de a tecnologia aprofundar desigualdades num cenário de crise.
RACISMO ALGORÍTMICO E AMBIENTAL
Outro destaque foram as discussões sobre o racismo algoritmico e o racismo ambiental. A diretora de programas da Anistia Internacional Brasil, Alexandra Montgomery, afirmou que a lucidez sintético tem impactado a vida de pessoas negras e que vivem nas comunidades mais vulnerabilizadas. Ela citou o problema do reconhecimento facial por câmeras de segurança e tem cometido erros de identificação.
De tratado com o coordenador do Núcleo de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, Pablo Nunes, os sistemas de reconhecimento facial têm comportamentos racistas dentro e fora do Brasil, já que são alimentados por bancos de dados que não conseguem reconhecer de forma eficiente pessoas negras.
A ativista Luzia Camila, do coletivo Confluência das Favelas, levou a questão do racismo ambiental e da justiça climática. Ela apresentou estudo do coletivo feito em periferias e comunidades de Macapá, Manaus, Rio de Janeiro, São Paulo e Recife, que concluiu que a população negra é a mais afetada pelos eventos extremos.
MST
Tapume de milénio militantes do MST, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terreno, de várias partes do país participam do G20 Social para denunciar o que chamam de “crimes” do imperialismo, com a realização de um Tribunal Popular; o papel do agronegócio na crise climática, o tratado entre Mercosul e União Europeia, que consolidaria os países do conjunto sul americano uma vez que exportador de matéria-prima e importador de produtos industrializados; e o genocídio na Palestina.
O Movimento defende que não existe combate à lazeira de trajo sem reforma agrária e com os atuais altos investimentos no agronegócio para a exportação de commodities, setor que explora os bens naturais, contamina chuva e solo com agrotóxicos e emite gases do efeito estufa com o desmatamento e queimadas.
A médica e ativista cubana Aleida Guevara, filha mais velha de Ernesto Che Guevara, um dos principais líderes da Revolução Cubana, participou da mesa do MST e falou dos impactos do bloqueio econômico imposto contra a ilhota desde 1959. Para ela, o mundo mudou pouco nas últimas seis décadas e segue sob o poder dominante dos Estados Unidos. Aleida também questionou a democracia numulário, em que as empresas multinacionais levam toda a riqueza e deixam as famílias na pobreza.
*Com informações da Sucursal Brasil