O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Meão (BC) decide nesta quarta-feira (6) em quanto elevará a taxa básica de juros, a Selic. A recente subida do dólar e o impacto da seca sobre o preço de força e mantimentos trouxeram a indefinição se o colegiado subirá os juros básicos pela segunda vez em mais de dois anos.
Segundo a edição mais recente do boletim Focus, pesquisa semanal com analistas de mercado, a taxa básica deve subir 0,5 ponto percentual nesta reunião, para 11,25% ao ano, e fechar 2024 em 11,75% ao ano. No transmitido da última reunião, em setembro, o Copom justificou a subida dos juros com base na resiliência da atividade econômica e nas pressões sobre o mercado de trabalho.
Nesta quarta-feira, ao termo do dia, o Copom anunciará a decisão. Depois passar um ano em 13,75% ao ano entre agosto de 2021 e agosto de 2022, a taxa teve seis cortes de 0,5 ponto e um galanteio de 0,25 ponto, entre agosto do ano pretérito e maio deste ano. Nas reuniões, de junho e julho, o Copom decidiu manter a taxa em 10,5% ao ano, no menor nível desde fevereiro de 2022, mas começou a preconizar a Selic em julho deste ano.
Inflação
Na ata da reunião mais recente, o Copom informou que o cenário econômico exige uma política monetária contracionista e não descartou um aumento no ritmo de subida dos juros. Os membros do colegiado afirmaram que todos concordaram em iniciar o ciclo de subida de forma gradual, principalmente pelo contexto de incertezas domésticas e externas.
Segundo o último boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras feita pelo BC, a estimativa de inflação para 2024 subiu de 4,38% há quatro semanas para 4,59%. Isso representa inflação supra do teto da meta estabelecida pelo Juízo Monetário Pátrio (CMN), de 3% para levante ano, podendo chegar a 4,5% por razão do pausa de tolerância de 1,5 ponto.
Em outubro, o Índice Pátrio de Preços ao Consumidor Largo (IPCA), considerado a inflação oficial, ficou em 0,44%, puxado pela bandeira vermelha nas contas de luz e pelo preço dos mantimentos, que subiu por razão da seca no início do semestre.
Em setembro, o ministro da Quinta, Fernando Haddad, admitiu que a seca prolongada terá impacto no preço dos alimentos. Na ocasião, o ministro defendeu que o choque de oferta de mantimentos não seja resolvido por meio de juros.
Nos últimos meses, segundo o Instituto Brasiliano de Geografia e Estatística (IBGE), os mantimentos e os serviços têm puxado a inflação. Com o resultado, o IPCA acumula subida de 4,42% em 12 meses, cada vez mais próximo do teto da meta para 2024.
Taxa Selic
A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Pátrio no Sistema Peculiar de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas da economia. Ela é o principal instrumento do Banco Meão para manter a inflação sob controle. O BC atua diariamente por meio de operações de mercado simples – comprando e vendendo títulos públicos federais – para manter a taxa de juros próxima do valor definido na reunião.
Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é sofrear a demanda aquecida, e isso razão reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Desse modo, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia. Mas, além da Selic, os bancos consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, porquê risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas.
Ao reduzir a Selic, a tendência é de que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.
O Copom reúne-se a cada 45 dias. No primeiro dia do encontro, são feitas apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas das economias brasileira e mundial e o comportamento do mercado financeiro. No segundo dia, os membros do Copom, formado pela diretoria do BC, analisam as possibilidades e definem a Selic.
Meta
Para 2024, a meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC, definida pelo Juízo Monetário Pátrio, é de 3%, com pausa de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para ordinário. Ou seja, o limite subordinado é 1,5% e o superior é 4,5%. Para 2025 e 2026, as metas também são de 3% para os dois anos, com o mesmo pausa de tolerância.
No último Relatório de Inflação, divulgado no termo de setembro pelo Banco Meão, a domínio monetária manteve a previsão de que o IPCA termine 2024 em 4,31% , mas a estimativa foi divulgada antes da subida recente do dólar e do impacto da seca. O próximo relatório será divulgado no termo de dezembro.