No mês da Consciência Negra, a TV Brasil apresenta uma programação peculiar com produções temáticas para debater temas uma vez que cultura negra, ancestralidade e combate ao preconceito por meio do audiovisual. A emissora pública destaca conteúdos desenvolvidos através do edital Prodav TVs Públicas.
A partir do dia 2 de novembro, o via exibe duas atrações documentais independentes em sequência, aos sábados, na filete das 23h, ambas com cinco edições. O seriado Voz da Pele aborda o racismo na sociedade brasileira. Logo depois, às 23h30, a novidade é a estreia da série Encontros com o Cinema Africano, obra criada, dirigida e apresentada pelo cineasta Joel Zito Araújo.
A produção Voz da Pele traz depoimentos de importantes pensadores negros da atualidade uma vez que Muniz Sodré, Rosane Borges, Flavio Gomes, Katiúscia Ribeiro, Rosana Paulino, Ana Flavia Magalhães, Renato Noguera, Alexya Salvador, Veronica Oliveira, Mônica Lima e Paco Gomes.
Cinema Africano
Novo teor da programação do via público, a série documental de Joel Zito Araújo procura refletir sobre estéticas e narrativas da sétima arte. A atração inédita revela a cena do cinema africano contemporâneo e traça um quadro sobre sua trajetória para o público brasílio.
O seriado constrói essa narrativa ao seguir as viagens e as visitas feitas pelo cineasta a grandes diretores em diferentes países do continente. A produção exibida com exclusividade pela TV Brasil traz um papo do anfitrião com personalidades que fizeram história na sétima arte, ultrapassaram as fronteiras da África e conquistaram repercussão internacional. O primeiro convidado é o cineasta mauritano Abderrahmane Sissako.
As conversas de Joel Zito com diretores de vários países do continente são intercaladas com cenas dos filmes desses entrevistados. A série Encontros com o Cinema Africano também mostra trechos de outros longas mencionados que estão no contexto dos diálogos.
“Entendo essa série uma vez que um veículo de aproximação da riqueza e da volubilidade do cinema africano, um grande ausente em nossas telas de cinema e TV, e na formação da grande maioria dos cineastas brasileiros e brasileiras”, explica Joel Zito.
A produção dedica dois programas para cineastas do continente que se tornaram grandes referências mundiais na direção, o etíope Haile Gerima e o mauritano Abderrahmane Sissako. Em três edições, a série contempla a lusofonia ao reprofundar no cinema de países que falam a língua portuguesa: Angola, Moçambique e Cabo Verdejante.
“Creio que o cinema, em seus diferentes gêneros, uma vez que as séries, é uma porta de ingressão para saber a psique de um povo, de um país e até de um continente. Encontros com o Cinema Africano também procura executar esse papel: aumentar o nosso conhecimento sobre a África através de sua história cinematográfica”, define o responsável pelo seriado.
Referência no cinema preto, Joel Zito fomenta o debate e a relação entre culturas. A obra que ganha primeira janela na TV Brasil procura, também, de forma indireta, mostrar os vínculos da sétima arte brasileira com o cinema realizado pelos africanos do continente e da diáspora.
Joel Zito
Diretor, roteirista e produtor, publicado por tematizar o preto na sociedade brasileira, a obra de Joel Zito Araújo inclui o livro e filme A Negação do Brasil (2000), ganhador do Festival É Tudo Verdade no ano seguinte.
O cineasta fez os longas ficcionais Filhas do Vento (2005), ganhador do Festival de Tiradentes e de 8 Kikitos no Festival de Gramado, e O Pai da Rita (2022). Também realizou os docs Cinderelas, Lobos e um Príncipe Seduzido (2009), Raça (2013) e Meu Colega Fela (2019), com diversos reconhecimentos internacionais.
Os últimos trabalhos de Joel Zito foram as séries documentais PCC – Poder Secreto (2022), para a HBOMAX, e A Moral do Silêncio (2023), para o Conduto Curta. Ele também conquistou outros prêmios uma vez que o de Roteirista Homenageado de 2022 pela Associação Brasileira de Autores Roteiristas e o troféu Eduardo Abelin, no Festival de Gramado.
Primeiro incidente
Considerado o cineasta mais influente da África contemporânea, Abderrahmane Sissako conversa com Joel Zito no programa de estreia da série Encontros com o Cinema Africano. O diretor bate um papo com o companheiro sobre suas obras e a reverência de sua forma de pensar a sétima arte.
Procedente da Mauritânia, Abderrahmane Sissako migrou para o Mali em 1962. O cineasta foi presidente do júri do Festival de Cannes em 2015. Desde 1991, dirigiu 14 filmes e recebeu 37 grandes prêmios em sua curso. Uma de suas produções mais recentes, o drama “Timbuktu” (2014), ganhou sete césares e concorreu ao Óscar de melhor filme estrangeiro em 2015.
Teor independente
Os seriados documentais Voz da Pele e Encontros com o Cinema Africano são apresentados pela TV Brasil todo sábado a partir das 23h, em sequência, com horário mútuo durante a madrugada, a partir das 4h. As produções são conteúdos audiovisuais selecionados pela traço de fomento do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), através do Prodav TVs Públicas.
A TV Brasil é um dos canais que mais exibe teor independente pátrio. Além de ser uma grande apoiadora da produção de atrações dessa natureza no mercado audiovisual do país, a emissora estimula novos realizadores.
Prodav
O Prodav é uma parceria entre a Dependência Vernáculo do Cinema (Ancine), o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e a Empresa Brasil de Notícia (EBC) para incentivar a produção regional e independente.
A proposta é ofertar esse teor para as emissoras públicas de televisão. A EBC distribui o material ao disponibilizar as obras para todos os canais de televisão do campo público que aderirem ao projeto.