No próximo domingo (3), o Instituto Pátrio de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) aplicará o Vistoria Pátrio do Ensino Médio (Enem), em 1.753 municípios de todas as regiões do país. A edição deste ano teve mais de 4,3 milhões de inscritos, sendo 1,6 milhão deles concluintes do ensino médio.
Há candidatos que enfrentam inúmeras dificuldades para participar do revista, que é uma das principais portas para o ensino superior, senão a única, porquê acontece em alguns casos. Levante ano, por exemplo, mais de 65 milénio pessoas solicitaram atendimento especializado para realizar o teste, das quais a maioria, murado de 30 milénio, têm déficit de atenção. Outras 8.622 têm baixa visão.
Estudantes de todo o Brasil aguardam com sofreguidão a chegada do Enem, e um grupo, em privativo, acredita que é a sua chance de ter aproximação à universidade: os de família de baixa renda, que não têm condições de remunerar por aulas preparatórias e encontram no cursinho popular uma saída. A desigualdade social impregna também a ensino, começando já no ensino essencial, no qual alunos com maior renda podem estudar em escolas privadas e relatar, muitas vezes, com um ensino de qualidade muito superior à encontrada na rede pública.
No estado de São Paulo, 302.392 dos estudantes que irão prestar a prova estão concluindo o ensino médio na rede pública. Eles representam quase 80% do totalidade de candidatos com esse perfil.
Universidade pública porquê vetor
Os professores da Escola Preparatória da UFABC têm de facilitar murado de 600 estudantes a estarem prontos para o Enem, anualmente. O cursinho surgiu há 15 anos, por iniciativa de alunos da universidade e passou a ter o professor Leonardo José Steil entre seus docentes quando ele o percebeu porquê uma oportunidade de entrar no mundo da ensino.
Químico de formação, fez curso acadêmica, mas encerrado em laboratórios, Steil foi revalidado no concurso para docente da UFABC e precisou pensar sobre atividades de extensão. Foi quando alunos da graduação o contataram, perguntando se toparia se juntar a eles para colocar o projeto em prática. A intenção era, porquê toda atividade dessa natureza, trazer a comunidade do entorno da universidade para dentro dela, o que de veste aconteceu, uma vez que as aulas são dadas dentro da instituição.
“Essa oportunidade acabou, inclusive, mudando toda minha história de vida, minha trajetória acadêmica. Hoje em dia, eu faço pesquisa de ensino, na superfície de formação de professores. Estou fazendo pedagogia agora, pela Univesp [Universidade Virtual do Estado de São Paulo], porque senti urgência de ter uma base pedagógica. Para mim, foi muito importante ter esse encontro, esse invitação”, afirma ele, que iniciou o curso de pedagogia aos 44 anos de idade.
No início do projeto, os organizadores tiveram que fazer mais esforço para divulgá-lo, visitando escolas e alimentando redes sociais. Com o tempo, porém, a procura começou a ser orgânica, com interessados chegando a ele, até a pandemia de covid-19, período em que o cursinho sofreu, porquê outros espaços de ensino, impactos e o impeliram a retomar os canais de divulgação do serviço.
“A procura por continuar os estudos, aprofundá-los, fazer uma ensino continuada tem minguado. Logo, o número de candidatos de vestibulares, que fazem o Enem foi diminuindo. Em 2023, voltou a crescer. Agora em 2024, também. E a gente espera que isso tenha sido um momento difícil para todo mundo e que se recupere o interesse por estudar”, diz ele.
Conforme ressalta o professor, o cursinho acaba tendo diversos fins, podendo até melhorar a autoestima dos estudantes. “Todos os cursinhos populares trabalham no reforço escolar, mas também em outros aspectos, porquê projeto de vida dos estudantes, autoimagem. E tudo isso acaba sendo fundamental não só para o aproximação à ensino, mas para a permanência do aluno, porque entrar em uma universidade pública, de qualidade, é um processo difícil, mas conseguir um diploma nessa universidade é mais difícil. Mais do que um projeto de aproximação ao ensino superior, é de permanência no ensino superior”, explica Steil.
Um dos fatores que mais contribuem para aumentar a crédito que os estudantes têm em si mesmos é a origem dos professores que lecionam na Escola Preparatória da UFABC: grande segmento deles já esteve “do outro lado do balcão”, ou seja, já foi aluno do cursinho e hoje estuda, em cursos de graduação ou pós-graduação, em universidades públicas. O coordenador garante que, mesmo diante de salas com 100 alunos, os alunos se sentem acolhidos porque sempre acabam se identificando com o jeito e a história de qualquer professor em pessoal, o que faz com que acreditem mais no seu próprio potencial. “Eles reconhecem naquele professor alguém que é porquê eles e conseguiu superar essa lanço de entrar no ensino superior”, comenta.
Sonhos moldados
Aspirante a economista, a jovem negra Érika Gonzaga, de 18 anos, reside no bairro da Penha, zona leste, com dez pessoas de sua família materna, sendo a metade de crianças, todas criadas por suas mães solo. Seus pais biológicos trabalharam a vida toda sem carteira assinada, isto é, na informalidade, e sem pisar em uma universidade, mas uma dessas mulheres com quem divide o teto rompeu o ciclo invisível de injustiça e vexação e conquistou o diploma universitário.
“Foi um movimento na família, todo mundo contribuía. Ela conseguiu bolsa de 50%, fazendo uma prova da própria faculdade, e esses outros 50%, as outras mulheres se juntavam para remunerar. Na era, ela trabalhava e conseguia remunerar uma segmento e, quando não conseguia, todo mundo ajudava. A mana dela tem ensino superior [incompleto], mas não conseguiu manter, porque era pessoal a faculdade e acabou largando, nunca mais voltou. Foi porquê um test drive e acabou seguindo. Hoje ela é empreendedora”, compartilha.
Érika fez praticamente todo o ensino essencial – fundamental e médio – em uma escola privada, onde tinha uma bolsa de 80%, que durou até o último ano, quando teve que trespassar da instituição, pela perda do desconto na mensalidade. No período em que morou com sua mãe biológica, que prestava serviços de coffee break e distribuição de brindes, a dedicação aos estudos encolheu, por ter tido que apoiá-la na superfície profissional, exercendo as funções de copeira e garçonete.
“Quando marcam [o serviço de coffee break], normalmente é para a manhã. Logo, ela não tinha ninguém e eu acabava faltando as aulas, porque minha bolsa era para o período da manhã e eu não conseguia estudar recta. Quando precisei trespassar da escola pessoal, já estava em defasagem, por razão do trabalho”, observa.
Quando começou a pensar sobre o que queria para sua vida profissional, diversas opções, porquê História, surgiram na mente de Érika. Ela, porém, acabou optando por concorrer a uma vaga no curso de Economia, pela maior verosimilhança de aprovação e de conseguir um tarefa.
A jovem, que tem fortalecido sua segurança para a prova com a ajuda do Cursinho Vito Giannotti, na Terreiro da Árvore, comenta que diversas colegas, também negras, usaram o mesmo critério para a escolha, sentindo-se pressionadas a ignorar vocações. Outro paisagem abordado por Érika diz reverência à preferência de muitos de seu círculo social pelo ingresso em instituições de ensino particulares e, simultaneamente, a manutenção de um tarefa que as permita remunerar a mensalidade.
“Não só a questão do mercado de trabalho, mas também por não se sentir capaz mesmo. A maioria das pessoas ao meu volta acabaram desistindo ou mudando de opção”, afirma.
“Sempre falo que foi a maior sorte ter podido fazer o cursinho, porque é justamente esse lugar de crescer, se organizar e ser asilado. Já estudava, mas lá foi a grande base, minha grande viradela. Ter um tino crítico junto à ensino. Eles dizem que não dão aulas gratuitas por filantropia, e sim pela consciência de classe, para se ocupar universidades públicas. Organizar um coletivo, dar esse suporte acadêmico, esse suporte crítico, foi incrível, a grande viradela. Não desisti da trajetória [do ingresso na universidade], que é longa”, declara Érika.
“O cursinho foi uma lar. Pretendo me formar e voltar para dar lição. É uma comunidade que quero levar para a vida”, acrescenta.
Morador do bairro de Guaianases, zona leste de São Paulo, o estudante Gabriel Padilha, de 20 anos, completou o ensino fundamental na rede pública, em uma escola mais perto de lar, e fez o ensino médio em uma mais distante, que ficava a uma hora de ônibus de seu endereço, no Tatuapé. Também aluno do Cursinho Vito Giannotti, ele testemunha diariamente a luta de sua mana, de 22 anos, e sua tia, alunas de Recta, para resistir à dupla jornada. São a primeira geração a ingressar ou tentar ingressar em uma instituição de ensino superior, pois os mais velhos da família pararam de estudar no ensino médio ou tiveram que parar de frequentar a escola nessa temporada.
O estudante relata que a primeira, de 22 anos, já exerce a função de exegeta fiscal, que exige muita atenção, e a segunda precisa se transferir, todos os dias, de Guaianases à região de Alphaville, mas ele mesmo tem uma rotina puxada. “Trabalho o dia inteiro, das 8h às 18h, e depois eu tenho que trespassar correndo para o cursinho e chego em lar meia-noite. Aí, entendimento às 6h para trabalhar. É uma rotina muito cansativa”, diz ele, salientando que o dia a dia já abre desvantagens em relação a jovens que somente se dedicam a estudar para o Enem.
O jovem encontrou na Física uma razão para seguir na risca da pesquisa acadêmica e confirmou sua escolha, mais por combinar com seu libido do que por ser uma superfície bastante demandada por empregadores, segundo ele. “Eu penso também na questão do mercado de trabalho, mas foi mais uma questão pessoal mesmo”, esclarece. “Antes, eu queria muito trabalhar com Física, Astrofísica, principalmente alguma filial espacial, tipo a Nasa ou alguma chinesa que está crescendo bastante. Comecei a mudar um pouquinho e estou pensando mais em trabalhar com acelerador de partículas, de repente, na Unicamp [Universidade Estadual de Campinas].”
Um dos principais pontos da prova do Enem é o conjunto de questões sobre fatos da atualidade, um tanto que requer que os estudantes se debrucem sobre os livros e apostilas, mas também acompanhem o que acontece no Brasil e no mundo. Para Gabriel Padilha, os aliados, nesse caso, são o podcast e o noticiário tradicional. “É podcast e ler jornal, não assisto muito à televisão”, resume.
Conteúdos da prova e política no cursinho
De entendimento com o coordenador pedagógico do cursinho popular da Associação Cultural de Educadores e Professores das Universidades de São Paulo (Acepusp), o professor Renato Marques, na lista de perguntas sobre História do Brasil, deve se evidenciar o período do país enquanto colônia. “E, quanto a outras coisas gerais, idade moderna e Idade Média. Do ponto de Geografia, a segmento que mais se destaca é a de geopolítica, mas também entram espaço agrário e espaço urbano. Na Filosofia, a ênfase maior, tanto no campo da filosofia antiga”, enumera ele, que atua na superfície de humanidades.
A tendência é a de que haja, ainda, questões sobre movimentos sociais, o papel do Estado e o concepção de cidadania. Em menor número, deverão manar perguntas sobre o tema cultura e sociedade. Indagado sobre a possibilidade de os estudantes terem que provar mais conhecimentos sobre o sul global, o professor diz que sim. “A presença de uma leitura de mundo menos eurocêntrica, menos voltada à visão do domínio do setentrião”, relaciona.
O coordenador explica que o cursinho entende que é sua obrigação fazer com que os alunos compreendam que o contexto socioeconômico em que vivem é um tanto multíplice e resultado de desigualdades sociais que podem ser atenuadas por meio da luta coletiva. “O curso acaba tendo um papel político, de fazer um despertar, uma tomada de consciência no sentido de que essa quesito precária em que estão inseridos não acontece por possibilidade, não pode nunca ser naturalizada, que foi construída. E que o nosso papel é tentar oferecer condições para que tenham ferramentas para fazer o enfrentamento”, opina ele, que também atribui valor à partilha, com os alunos, de diversas dimensões da cultura.
Tamira Paixão, de 18 anos, frequenta o cursinho da Acepusp e tenta lastrar os estudos, serviços domésticos e os cuidados de seu irmão de 2 anos, assumidos por ela quando a mãe tem que executar expediente presencial no Núcleo Cultural de São Paulo (CCSP) e seu padrasto, pai da gaiato, também está no trabalho. Apesar de não ter pretérito urgência, ela sabe que a concorrência no Enem acaba se tornando uma competição desleal, com candidatos provenientes de escolas estruturadas e outros com mais obstáculos sociais a superar e egressos de escolas com um ensino mais fraco.
“Eu moro em um quintal em que moram minha avó, minha tia e eu. É um pouco barulhento e é, às vezes, difícil de me concentrar. Logo, nesse período próximo da prova, estou estudando no cursinho, ficando para as aulas da tarde”, diz ela, moradora de Pirituba, zona setentrião da capital, e que reduziu as aulas de dança de duas para uma vez por semana e começou a focar mais na preparação para o Enem há um mês.
A mãe de Tamira já ergueu o canudo com o diploma, posteriormente vencer a guerra e mãe solo que concilia o cotidiano com um tarefa, e seu pai se formou no ano pretérito, em Logística, com 44 anos de idade. Para ele, o que importava era ter um diploma na superfície em que já trabalha, diferentemente dela, que quer uma graduação que proporcione realização profissional e pessoal. “O que eu queria realmente fazer é medicina veterinária, mas a nota de golpe é muito subida. Estou segura de passar, mas você fica naquela de ‘há pessoas mais preparadas, que estudaram muito mais’. Logo, optei por Biologia, que tem uma nota de golpe menor e tem a possibilidade de mudar de curso. Pensei muito em ter um tarefa no horizonte e também numa nota de golpe que me deixe mais segura para passar.”