O Quilombo do Grotão, um dos mais tradicionais espaços de cultura negra do Rio de Janeiro, terá a presença na internet e nas redes sociais reformulada. A intenção é atrair cada vez mais visitantes, aumentando o alcance de turistas estrangeiros. A iniciativa é do EmbraturLAB, em parceria da Embratur com o Sebrae.
Localizado no Talento do Mato, em Niterói, o Quilombo do Grotão promove uma série de atividades, desde oficinas com ervas medicinais para a produção de sabonetes a aulas de percussão, capoeira e artesanato, e desde 2003 se tornou um espaço de referência para o samba e a gastronomia.
“Eu fiquei muito satisfeito pelo nosso trabalho estar sendo reconhecido”, diz o presidente da Associação da Comunidade Tradicional do Talento do Mato, José Renato Gomes da Costa, sabido porquê Renatão do Quilombo, que é neto de Manoel Bonfim e Maria Vicência, que há 100 anos chegaram ao Grotão para ocupar aquele território.
Ele diz que o quilombo conta com a presença frequente de visitantes, sobretudo quando tem feijoada. “Nós temos um trabalho artesanal, músico, a própria feijoada. O carro-chefe do quilombo é o feijoeiro. E nossos artesanatos, que as pessoas, os visitantes comem, levam, compram. E mais a roda de samba”, diz.
Segundo Renatão, nas visitas, a comunidade procura trazer a história do sítio, a vivência e ancestralidade.
“A gente acende as lamparinas. A gente não põe a força elétrica. A gente tenta trazer um pouco a galera da cidade para uns 50, 60 anos detrás. E a nossa roda de samba é à luz do candeeiro”, conta.
Para os estrangeiros que visitam o sítio, eles contam com apoiadores que cuidam da tradução para o inglês, para que entendam o que está sendo exposto.
Presença do dedo
Agora, com o EmbraturLAB, na internet, a história e a experiência chegarão em outros idiomas nas buscas feitas pelo Google e nas redes sociais, porquê o Instagram. A intenção é que o teor seja mais conseguível ao público internacional e seja também mais sedutor para o público vernáculo.
Segundo Renatão, já foi realizada uma primeira oficina no quilombo, na qual foi exposta uma proposta de estratégia de informação. A comunidade está levantando imagens e a história do sítio, para transformar em conteúdos para as redes sociais. O Instagram, por exemplo, que é um dos principais meios de divulgação do quilombo, ganhará uma novidade faceta.
“A ação faz secção do nosso projeto de aumentar a performance mercantil de micro e pequenas empresas do setor de turismo com o uso de ferramentas digitais gratuitas ou de plebeu dispêndio, porquê Google e TikTok. A meta é ampliar o alcance de produtos e serviços, qualificar ofertas e aumentar a receita dessas pequenas empresas. Essas plataformas digitais são fundamentais porque impactam diretamente o turista estrangeiro”, diz Marcelo Freixo, presidente da Embratur.
Conheça o Quilombo do Grotão
De tratado com informações levantadas pela Embratur, a história do Quilombo do Grotão remonta ao início dos anos 1920, quando Manoel Bonfim e Maria Vicência, descendentes de negros escravizados em Sergipe, deixaram o Nordeste do Brasil para trabalhar na Quinta Talento do Mato, de Irene Lopes Sodré, que produzia farinha, banana prata e hortifrutigranjeiros em larga graduação.
Na dezena de 1950, o negócio faliu, e Manoel e Maria ganharam muro de dois alqueires e meio de terreno, além de duas milénio mudas de banana para reencetar a vida, a título de indenização da família Sodré. A conquista do território é marcada por luta pela terreno, sobretudo com a geração do Parque Estadual da Serra da Tiririca, em 1991.
Renatão decidiu, logo, gerar a famosa roda de samba com a tradicional feijoada, que há 20 anos garante a permanência da família no território. Em 2016, o território foi oficialmente certificado porquê quilombo pela Instalação Palmares, do Ministério da Cultura.
O que são quilombos?
Segundo a Instalação Palmares, quilombo, na língua banto, significa povoação. Era o espaço físico de resistência à escravidão. Fugidos dos cafezais e das plantações de cana-de-açúcar, os negros que se recusavam à submissão, à exploração e à violência do sistema colonial escravista aglomeravam-se nas matas e formavam núcleos habitacionais com relativo proporção de organização e desenvolvimento social, econômico e político.
Eram agrupamentos criados em locais de difícil chegada, e que dispunham de armas e estratégias de resguardo contra a invasão de milícias e tropas governamentais. O Recenseamento Demográfico 2022 mostrou que a população quilombola residente no Brasil é de 1.327.802 pessoas, correspondendo a 0,65% da população. Há 1.696 municípios com população quilombola e 473.970 domicílios particulares permanentes com moradores quilombolas.
Para Renatão, manter essa memória é uma das principais preocupações. “É o nosso povo, né? Durante esse período pós-abolição e até hoje, o povo preto tem uma dificuldade muito grande de estar participando de uma sociedade. De uma sociedade justa. E a teoria do quilombo hoje é preservar toda essa história e descrever toda essa história”, explica.
Ele lembra que no Brasil, de tratado com o Instituto Brasiliano de Geografia e Estatística (IBGE), 55,5% da população brasileira se identifica como preta ou parda.
“É para nossos jovens terem coragem. A gente está tentando dar uma injeção de ânimo na nossa molecada, na nossa juventude, para que eles realmente possam assumir a cor. A gente está encorajando essas crianças, os adolescentes, a falarem. Quando falam assim ‘Ah, você é o quê? Eu sou preto. Essa que é a grande teoria do quilombo, hoje, cá dentro da cidade”, diz.