Funcionário de clínica de influenciadores diz que foi ameaçado com arma ao pedir demissão após notar uso de óleo silicone em paciente.
Em seu depoimento à Polícia Civil, o funcionário de uma clínica de estética, que não teve seu nome divulgado, relatou ter sido ameaçado com arma por Paulo César Dias, um dos proprietários, ao pedir demissão. A situação ocorreu após o funcionário notar um líquido oleoso, característico do óleo de silicone, durante um procedimento estético envolvendo a quebra de uma seringa. O casal de proprietários, Karine Gouveia e Paulo César Dias, está sob custódia preventiva por suspeita de causar deformações em pacientes da clínica.
De acordo com a defesa de Paulo, o funcionário não estava trabalhando com a devida atenção e decidiu sair insatisfeito da empresa. A equipe de defesa enfatiza que todos os procedimentos realizados na clínica seguiram os protocolos mais rígidos e que não houve uso de substâncias proibidas, como o óleo de silicone. Contudo, o funcionário relatou à polícia a situação de ameaça vivenciada durante o momento de sua demissão.
Durante o procedimento de preenchimento labial, a seringa se rompeu, e o líquido oleoso espirrou, o que alertou o funcionário sobre a possível utilização de óleo de silicone. Preocupado com a segurança dos pacientes, ele decidiu se afastar da clínica e pedir demissão, porém, a reação violenta de Paulo durante a negociação da rescisão contratual o deixou intimidado. A situação foi relatada à polícia, incluindo o momento em que a arma foi exibida por Paulo como forma de pressão.
A falta de rótulo nos produtos utilizados nos procedimentos estéticos, a ausência de informações sobre a procedência dos materiais e a manipulação indevida de substâncias proibidas foram aspectos destacados pelo delegado da Polícia Civil, Daniel de Oliveira. A investigação aponta a inadequação dos materiais e a falta de qualificação técnica dos profissionais envolvidos nos procedimentos. A defesa enfatiza a negação do uso de óleo de silicone por Karine Gouveia, destacando a necessidade de comprovação por parte da acusação.
Segundo informações do atendimento à Polícia Civil, a clínica de estética em Goiânia, de propriedade de Karine Gouveia e Paulo César Dias, não possuía autorização para práticas cirúrgicas, apenas procedimentos estéticos de baixo risco. A defesa do casal ressaltou a posse de todos os documentos necessários e o cumprimento das normas da Vigilância Sanitária, enquanto a polícia ressaltou a gravidade das acusações e a realização de procedimentos sem a devida qualificação técnica.
Após a prisão preventiva do casal em dezembro de 2024, eles foram soltos em fevereiro de 2025, por decisão do Superior Tribunal de Justiça. No entanto, foram detidos novamente em março do mesmo ano, em decorrência das acusações relacionadas à formação de organização criminosa, falsificação de produtos terapêuticos, lesões corporais graves, entre outros crimes. A utilização de substâncias proibidas como o óleo de silicone e o PMMA em procedimentos de alto risco foi destacada pelo delegado Daniel de Oliveira.
A manutenção da prisão do casal foi determinada após uma audiência de custódia, ressaltando a gravidade dos crimes atribuídos a eles e a falta de provas para alterar a situação. A juíza Ana Cláudia Veloso Magalhães destacou a necessidade da custódia para preservar a ordem pública e resguardar a sociedade dos possíveis perigos associados às ações do casal. Ambos os proprietários enfrentam acusações graves que envolvem a realização de procedimentos sem a devida autorização e qualificação, colocando em risco a saúde dos pacientes.
A defesa de Karine Gouveia e Paulo César Dias afirmou que discorda da prisão preventiva e alega a inexistência de provas concretas que fundamentem as acusações. A defesa enfatizou a importância de um processo legal justo e a necessidade de comprovação efetiva das acusações levantadas pela polícia. A investigação segue em andamento para esclarecer os fatos e determinar a responsabilidade dos envolvidos nos procedimentos estéticos e cirúrgicos realizados na clínica em Goiânia.
A situação que envolve a clínica de estética de Karine Gouveia e Paulo César Dias demonstra a importância da qualificação técnica, da transparência nos procedimentos e da conformidade com as normas vigentes para assegurar a integridade e a segurança dos pacientes. A utilização de substâncias proibidas e a falta de etiquetagem adequada nos produtos ressaltam os riscos e as consequências de práticas inadequadas na área da saúde estética. O desdobramento das investigações continuará a fornecer esclarecimentos sobre o caso e a promover a responsabilização dos envolvidos.