Médico denunciado por crime sexual contra adolescente durante consulta é preso
Justiça de Morrinhos acatou pedido do MP-GO de regressão de pena pelo
feminicídio de sua ex-mulher. O médico foi condenado em 2011 e cumpria pena em
regime aberto.
DE é preso suspeito de abuso sexual
DE é preso suspeito de abuso sexual
O médico Alfredo Carlos Dias Mattos Junior, denunciado por crime sexual contra
uma paciente, foi preso nesta sexta-feira (14), em Goiânia. A Justiça de Morrinhos acatou o pedido de regressão de pena pelo feminicídio de sua ex-mulher, ocorrido em Minas Gerais, em 1999. O médico foi condenado em 2011 e cumpria pena em regime aberto, em Morrinhos.
Em nota, a defesa do médico explicou que adotará todas as providências para reverter a decisão.
O Ministério Público solicitou a regressão de pena por causa do processo penal
aberto contra ele a partir da denúncia adolescente. Em fevereiro de 2025, a
jovem 17 anos afirmou ter sofrido abuso durante consulta em hospital de Goiânia.
Em nota, o MP também explicou que o pedido foi feito pela promotora de Justiça
Camila Fernandes Mendonça, responsável pela denúncia no caso do estupro, tendo
tido manifestação favorável do promotor Nelson Vilela Costa, de Morrinhos. A
decisão de regressão foi da juíza Anelize Beber Rinaldin, de Morrinhos.
Em uma publicação nas redes sociais (assista abaixo) o delegado Humberto Teófilo
mostra a prisão do médico.
DE explica sobre operação integrada para prender médico denunciado por
abuso sexual
A adolescente foi buscar tratamento para uma dor no estômago, diz denúncia do
MP-GO. O documento diz que o médico solicitou exames, entre eles uma endoscopia e uma
ultrassom endovaginal à jovem. Com os resultados, levados pela jovem e pela mãe a Alfredo no mês seguinte, o médico afirmou que ela tinha “anteversão do útero”, conhecida popularmente como
“útero invertido”, e que essa era a causa das dores de estômago. Segundo a denúncia, o médico disse que faria um procedimento no consultório
para colocar o útero da adolescente no lugar. O documento relatou que o médico
pediu que a adolescente retirasse a blusa, abaixasse a calça e se deitasse na
maca para corrigir a posição do útero ali mesmo no consultório. Inclusive, o
médico teria manifestado o interesse de fazer o “procedimento” também na mãe da
adolescente.
Na gravação, segundo o delegado, o médico está sendo acusado por abusar de uma
adolescente em uma consulta e disse que tem mais vítimas. De acordo com denúncia
oferecida pelo Ministério Público de Goiás, outras mulheres registraram denúncia
contra o médico, “por condutas semelhantes, em que ele se valia da posição de
médico para praticar atos libidinosos, o que demonstra a habitualidade e a
gravidade de sua conduta,” segundo o texto.
Alfredo Carlos Dias Mattos Junior, condenado por matar a
ex-mulher, é denunciado por abuso sexual, em Goiás — Foto: Reprodução/TV
Anhanguera
Médico Alfredo Carlos Dias Mattos Junior, condenado por matar a ex-mulher, é
denunciado por abuso sexual, em Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Alfredo Carlos Dias Mattos Junior foi condenado pela morte da ex-mulher Magda
Maria Braga de Mattos. O crime aconteceu em Nova Lima (MG), em 1999. Alfredo dopou a ex-sogra que estava no quarto e aplicou álcool no soro da ex-mulher. Ao reagir com os
medicamentos que Magda tomava, a substância provocou a morte dela.
O médico foi condenado pelo crime em 2011 e recebeu o direito de recorrer da
decisão em liberdade. No dia 6 de março, a Justiça havia determinado que o
médico usasse tornozeleira eletrônica.
Anteriormente, o MP havia pedido pela prisão do médico, mas foi negado sob a
justificativa de que os argumentos usados pelos promotores foram genéricos e se
basearam nos relatos feitos pela suposta vítima e pela mãe dela. De acordo com a assessoria do Tribunal de Justiça de Goiás e do MP-GO, o caso do crime sexual está sob segredo de justiça.
A decisão que determinou a regressão cautelar de Alfredo Carlos Dias Mattos
Junior ao regime fechado configura uma grave afronta aos princípios fundamentais
do Direito Penal e da Execução Penal. A medida, adotada de forma precipitada e
desproporcional, ignora a presunção de inocência e impõe uma punição antecipada,
sem que haja condenação definitiva pelo novo fato que lhe foi imputado. Alfredo Carlos, que cumpria quase 80% da pena de forma regular por um fato
ocorrido em 1999, encontrando-se atualmente no regime aberto, teve sua prisão
decretada apenas com base em uma denúncia recente ainda em fase inicial, sem que
tenha sido oportunizado o devido contraditório e a ampla defesa antes da
regressão de regime. Tail decisão viola o princípio da proporcionalidade e
desconsidera o entendimento consolidado dos tribunais superiores, segundo o qual
a regressão cautelar deve ser utilizada com extrema cautela, sob pena de se
converter em uma sanção antecipada, o que é vedado pelo ordenamento jurídico. A defesa adotará todas as providências cabíveis para reverter essa decisão e
seguirá atuando para garantir que Alfredo tenha seus direitos respeitados e que essa injustiça seja revertida com a máxima urgência. Roberto Serra da Silva Maia Advogado Criminalista
Médico denunciado por abuso sexual é preso nesta sexta-feira (14), Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
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