Dona de clínica de estética, influenciadora suspeita de deformar pacientes passa
mal ao voltar a ser presa junto com o marido
Casal estava solto desde início de fevereiro após decisão do STJ. Eles são
suspeitos de deformar pacientes em clínica de estética em Goiânia e são
investigados desde dezembro de 2024.
Karine Gouveia e Paulo César, casal investigado pela Polícia Civil, Goiás —
Foto: Reprodução/Redes Sociais
A influenciadora e proprietária de clínica de estética Karine Gouveia passou mal
ao ser presa junto com o marido, Paulo César Dias, informou a defesa de Paulo.
Eles foram presos preventivamente nesta quarta-feira (12), segundo a Polícia
Civil. Eles são suspeitos de deformar pacientes em clínica de estética em Goiânia.
Eles estavam soltos desde o início de fevereiro, após decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Ao DE, o advogado de defesa de Paulo afirma que a prisão é “absurda e
desnecessária”. O advogado Tito Amaral afirma que a prisão não tem fundamento.
“A Polícia Civil está inventando, está criando, está fazendo um verdadeiro show
de horrores, induzindo a erro o Ministério Público e o Poder Judiciário”,
informou.
DE pediu o posicionamento da defesa de Karine, mas não obteve resposta até a
última atualização desta reportagem.
O casal foi preso em razão das acusações de formação de organização
criminosa, falsificação de produtos terapêuticos, lesões corporais gravíssimas,
exercício ilegal da medicina, estelionato e outros crimes relacionados à prática
de procedimentos estéticos e cirúrgicos sem a devida qualificação técnica e
autorização legal.
ENTENDA O CASO
A influenciadora e empresária Karine Gouveia e seu marido, Paulo Cesar Dias
Gonçalves, donos de uma clínica de estética em Goiânia, foram presos em dezembro
de 2024, em uma operação policial que investigava procedimentos estéticos e
cirúrgicos que causaram danos físicos a pacientes. Segundo a Polícia Civil, além
dos donos, mandados de prisão, busca e apreensão foram cumpridos em desfavor de
técnicos que atuavam na clínica e que não tinham formação para realizar os
procedimentos.
Na época, a defesa do casal afirmou, à TV Anhanguera, que a clínica possuía
todos os documentos necessários para funcionar, que Karine e Paulo sempre
praticaram os atos dentro do que determina a lei e que o local atende a todos os
padrões exigidos pela Vigilância Sanitária. A polícia negou a fala da defesa e
afirmou que a clínica possuía um alvará para procedimentos apenas de classe
estética, ou seja, minimamente invasivos.
Além da incapacidade profissional dos envolvidos, a investigação aponta que os
materiais e produtos usados nos procedimentos eram inadequados. Mandados também
foram cumpridos em Anápolis, a 55 km da capital. Os envolvidos tiveram as contas bancárias, bens e valores bloqueados. No total, foram R$ 2,5 milhões apreendidos e um helicóptero avaliado em R$ 8 milhões.
FORMAÇÃO EM BIOMEDICINA
Um áudio divulgado pela Polícia Civil mostra Karine Gouveia afirmando a uma
pessoa que é formada em biomedicina. No entanto, o delegado Daniel Oliveira
explicou que a dona da clínica, investigada por causar deformações em pelo menos
60 pacientes, mentiu, pois não possui nenhuma formação na área da saúde.
À Polícia Civil, o Conselho Regional de Biomedicina da 3ª Região informou que
Karine não possui e nunca possuiu registro de biomédica: “Como a referida pessoa
não consta em nossos registros, não é possível assegurar que ela tenha formação
em biomedicina”.
O áudio em questão é de uma conversa entre Karine e uma pessoa que procurou a
clínica e foi atendida por ela. Na ocasião, Karine afirmou ter se formado em
Londrina, mas não mencionou o nome da universidade. Para a polícia, o áudio
confirma os depoimentos das vítimas que denunciaram que Karine Gouveia se
apresentava como profissional habilitada na área da saúde, mesmo sem possuir a
qualificação acadêmica.
SOLTOS DESDE FEVEREIRO
Após decisão publicada no início de fevereiro pela ministra do Superior Tribunal
de Justiça Daniela Teixeira, os dois foram soltos. Na decisão, a ministra
pontuou manter o casal preso era “desproporcional” e citou que outros
investigados já foram soltos.
A sentença atendeu o pedido da defesa, que alegou que Karine e Paulo não
poderiam mais atrapalhar as investigações e também são pais de uma criança de 7
anos, que inclusive sofreu um acidente grave de carro e precisou passar por
cirurgia.
NOTA DE DEFESA DE PAULO
Trata-se de uma prisão absurda, desnecessária, conforme já decidiu o STJ. É uma
prisão que não tem o menor fundamento. A Polícia Civil está inventando, está
criando, está fazendo um verdadeiro show de horrores, induzindo a erro o
Ministério Público e o Poder Judiciário. Essa decisão será revertida
imediatamente, seja pelo Tribunal de Justiça, seja pelo STJ, se não conseguirmos
a reversão dela aqui em Goiás. Então, nós estamos absolutamente tranquilos com
relação a isso e reafirmamos, os abusos que estão sendo cometidos pela
autoridade policial e, com relação a isso, também estamos tomando todas as
providências, perante os órgãos correcionais, perante o controle externo da
atividade policial e perante a Ordem dos Advogados do Brasil.