Influenciadores suspeitos de deformar pacientes são mantidos presos pela Justiça
Decisão também decretou a prisão temporária de outras sete pessoas. Pelo menos 60 pessoas denunciaram o casal à Polícia Civil, que investiga o caso.
À esquerda: vítima de procedimento feito em clínica da infleunciados | à direita: Karine Gouveia e Paulo César — Foto: Reprodução/Redes Sociais
Os influenciadores Karine Gouveia e Paulo César Dias, investigados por deformar pacientes em uma clínica, tiveram a prisão prorrogada por 30 dias pela Justiça de Goiás. A decisão ainda decretou a prisão temporária de outras sete pessoas. Pelo menos 60 pessoas denunciaram o casal à Polícia Civil, que investiga o caso.
A decisão foi emitida pelo juiz Inácio Pereira de Siqueira na quarta-feira (15). No documento, o juiz apontou a manutenção das prisões como imprescindíveis para “assegurar o êxito das apurações e permitir o aprofundamento das diligências em curso”. Já a decretação da prisão das outras sete pessoas foi justificada pela possibilidade da existência de uma organização criminosa com agentes que contam com funções distintas.
Ao DE, a defesa do casal, representada pelos advogados Romero Ferraz Filho, Tito Souza do Amaral e Caio Victor Lopes, disse que discorda da decisão e que vai recorrer. Eles afirmam que ainda que não há motivos para a prorrogação e que os dois “podem responder às acusações em liberdade sem qualquer prejuízo para o processo”. Ao longo da investigação, eles ainda disseram que o casal “nunca teve a intenção de praticar qualquer crime” (veja o posicionamento completo ao fim da reportagem). A reportagem também não conseguiu contato com a defesa das outras sete pessoas.
Investigação
O delegado Daniel Oliveira afirmou que a investigação teve início em abril de 2024 após a primeira denúncia de uma paciente. Mais de 60 pessoas já procuraram a polícia para relatar sequelas e erros cometidos na Clínica Karine Gouveia. Há casos graves, como uma vítima que precisou ser entubada após sofrer a necrose no nariz; imagens são fortes (veja abaixo).
“Há vítimas que estão na fila do SUS para reparar os erros desses procedimentos. Além dessas lesões, que elas sofriam, a gente identificou que a presença de substâncias como PMMA e silicone, em procedimentos que só poderiam ser realizados por médicos cirurgiões plásticos”, afirmou o delegado.
O casal é investigado pelos crimes de organização criminosa, lesão corporal gravíssima e estelionato. Os envolvidos tiveram as contas bancárias, bens e valores bloqueados. No total, são R$ 2,5 milhões apreendidos e um helicóptero avaliado em R$ 8 milhões. Karine Gouveia e o marido Paulo Cesar Dias Gonçalves foram presos no dia 14 de dezembro de 2024 e seguem detidos.
A dona da clínica não tem formação na área da saúde e o marido cuidava da parte administrativa do negócio. A polícia informou que a clínica atraía clientes com preços abaixo do mercado, por meio de um forte trabalho nas redes sociais, que contava até com a colaboração de famosos.